sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Máfia Psíquica - Parte 6

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Aquilo que você irá agora ler é um exemplo de como um ser humano pode degradar-se ao escolher trilhar o caminho do erro, e também de como sua consciência pode tornar-se incensível ao decidir explorar e abusar da boa fé das pessoas.


Lamar Keene revela em seu livro que alguns médiuns (enfatizando este "alguns" como sendo uma minoria e fazendo questão de frisar que está fora disto) aproveitavam a fragilidades das suas clientes, a escuridão das sessões e as parafernálias de ilusão fraudulenta, para praticar sexo com seus clientes.

Como faziam isto? Simples, porém repugnante! O médium convencia sua cliente de que o espírito de seu marido ou amante morto estava ali presente e iria se materializar, pois necessitava de algum tipo de cura sexual e só ela poderia ajudá-lo a evoluir.

Talvez você esteja pensando: Mas como podem se deixar enganar a este ponto?


Lembre-se de que a fraca e opaca luz vermelha utilizada nestas sessões não é tão diferente de que a completa escuridão. Existem descrições de pessoas sinceras que juram terem visto assombrações saindo e desaparecendo do chão (facilmente explicadas pela manipulação das jardas de chifon), e também outras declarações emocionadas de pessoas com absoluta convicção de que olharam diretamente no rosto de um ente querido (na luz opaca um médium mascarado pode facilmente enganar sua vítima, cuja mente já está condicionada para enxergar aquilo que ele quer que ela veja).

Não descarto também o uso de hipnotismo, muito propício de ser praticado num ambiente como o de uma sessão espírita, onde existe uma fortíssima sugestão exterior que se somará ao elevado grau de auto-sugestão da pessoa envolvida.

Até amanhã quando postarei o último capítulo desta série.

Continua...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A Máfia Psíquica - Parte 5


Lamar Keene sabia que mentes pré-dispostas a crer a todo custo aceitam qualquer idiotice como base para suas crenças.

Na verdade, Keene e seus colegas médiuns não tinham lá muita consideração pelos seus clientes, pois os considerava como pessoas de uma qualidade intelectual não tão alta. Nas intimidades dos bastidores nomes como trouxas, otários, tolos e babacas eram usados para se referir a estes clientes.


Para esta "cambada" especializada em iludir e enganar, eles sempre tinham um tipo de truque certo que sabiam que seria eficiente com cada pessoa. Para alguns, bastava um "joguinho besta" de leitura de cartas em envelopes selados (efeito que qualquer mágico de segunda categoria consegue realizar). Para outros que se julgavam mais espertos, fazê-los levitar na cadeira durante a sessão, já era o suficiente para convencê-los da ação dos espíritos (a técnica era simples: em plena escuridão, o médium mais um cúmplice simplesmente erguiam a cadeira do cliente).


Como as sessões espíritas onde acontecem "coisas sobrenaturais" são sempre realizadas num ambiente com pouca (ou nenhuma) luz, fica muito fácil utilizar o recurso de voz direta, mover objetos sobre a mesa, fazê-los voar pela sala e pousarem na cabeça de alguém.

Lembra dos rolos de chifon e gaze usados para simular o ectoplasma? É surpreendente a quantidade de metragem que se consegue amarrotar em um pequeno fardo que pode ser ocultado dentro da roupa do médium. Conta-nos a história que Helen Duncan podia comprimir duas jardas de gaze de algodão de trinta polegadas de largura numa bola suficientemente minúscula para ser ocultada na sua boca.

Bem, embora nos sintamos indignados com todas estas falcatruas, elas são “café pequeno” em comparação com aquela que considerei a mais sórdida, maquiavélica, cruel, inescrupulosa, imoral e suja de todas.

Amanhã falaremos disto.

Continua...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Máfia Psíquica - Parte 4

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Como eu havia prometido na postagem anterior, aqui está o vídeo onde o próprio Lamar Keene explica como produzir uma materialização em uma sessão espírita:



Agora assista a este outro vídeo e veja as fraudes se desenrolando durante a própria sessão espírita:



Você viu a trombeta? Nos rituais de mediunidade física ela é um cilindro cônico pelo qual emanam vozes supostamente de espíritos. Elas geralmente aparecem "dançando" no ar. Aqueles que a viram em ação descrevem sua velocidade de locomoção e giros acrobáticos como impossíveis de serem reproduzidos por um operador humano.


Bem, agora você já sabe como o truque é feito! A trombeta meramente é expandida a um comprimento de quatro pés (ou mais), e então facilmente pode ser manipulada. Mesmo um movimento leve da mão no extremo da trombeta produzirá um largo arco de grande alcance na extremidade mais distante. A fraude é engenhosa em sua simplicidade.

Agora cá entre nós: Acreditar que uma entidade espiritual (supostamente vivendo num nível superior daquele em que vivem os que ainda estão preso à matéria) necessita de um instrumento físico tão ridículo quanto uma trombeta para poder se comunicar, requer uma enorme dose de "fé".




A esta altura do campeonato acho que você já deve ter percebido que o único espírito que se manifesta nestas sessões é o "espírito de porco" destes médiuns inescrupulosos que fabricam na maior cara-de-pau todas estas mentiras.


Continua...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Máfia Psíquica - Parte 3


Imagine a cena:

Você vai consultar um médium em uma cidade situada a milhares de quilômetros do local onde reside, e durante a sessão este médium, que nunca lhe viu antes e de posse apenas de seu nome e local de origem, lhe conta detalhes de sua vida familiar, sua saúde, o nome de seu suposto guia espiritual e até que você há uns dois anos atrás consultou um outro médium que lhe disse tais e tais coisas.

Seguramente você sairia de lá impressionado e crendo piamente que tudo só seria possível caso a comunicação com os espíritos fosse uma realidade, não é mesmo?



Bem, mas a realidade de fato é que você foi enganado por um grupo de vigaristas que ao invés de obter as informações do “além”, tudo que precisaram fazer foi acessar um banco de dados aqui desta terra mesmo.

Esta sórdida trama foi revelada no livro “A Máfia Psíquica”. Keene conta que os médiuns que trabalhavam para ele dispunham de uma eficiente rede de informações espalhada por todo o país, onde poderiam trocar informações e assim enganar sua clientela onde quer que estivessem.



Fichas e mais fichas contendo os nomes dos clientes, suas histórias de família, seus problemas de saúde, seus supostos guias no mundo espiritual, e tudo mais que fosse relevante, estavam devidamente catalogadas em enormes arquivos num porão secreto debaixo da Igreja do Acampamento Chesterfield. Assim, com um simples telefonema (a internet ainda não existia), o médium tinha em mãos tudo o que precisava (imagine este sistema funcionando com a tecnologia de hoje!).



Mas o ponto alto e verdadeiramente marcante das sessões feitas por Keene era a materialização dos espíritos. Estas aparições fantasmagóricas eram sempre realizadas em um ambiente convenientemente escurecido, mas com a desculpa que isto era necessário para que o ectoplasma da figura pálida e etérea do espírito pudesse ser visualizado pelos olhos humanos.

Vou deixar que o próprio “mestre” Lamar Keene lhe explique tudo:

“As luzes eram desligadas com exceção de um bulbo vermelho grande controlado por um interruptor que lançava brilho suficiente para iluminar o ectoplasma... Para as sessões de materialização eu usava calça e meias pretas que absolutamente nada apareciam escuridão. Então, enquanto os assistentes cantavam (um hino), eu vestia meu traje de espírito de gaze... Quando estava pronto - o que pode ser em tão pouco tempo quanto dez segundos caso fosse necessário - sairia do gabinete, arrastando nuvens de ectoplasma..."



"São surpreendentes os efeitos que podem ser criados na escuridão manipulando jardas e mais jardas de chifon e gaze que parecem emitir fracamente o brilho não terreno da luz de rubi. O que eu fazia era o que os mágicos chamam de ‘arte negra.’ As partes de meu corpo não cobertas por ectoplasma (na verdade, gaze ou chifon) eram vestidas totalmente de preto e eram bem invisíveis na escuridão... Estando na sala da sessão em meu traje invisível eu desenrolava habilidosamente uma bola de chifon para o meio do chão e manipulava-a até eventualmente envolver-me. O que os clientes viam era um fenômeno: Uma bola minúscula de ectoplasma enviando gavinhas resplandecentes que gradualmente cresciam ou se desenvolviam num espírito materializado plenamente formado..."



"A figura ectoplásmica pode desaparecer do mesmo meio que apareceu. Eu simplesmente desenrolava a gaze do meu corpo lentamente e dramaticamente então a enrolava de volta na minúscula bola original. O que os clientes viam era os espíritos plenamente formados gradualmente desagregando-se, evaporando num sopro de ectoplasma. As variações eram intermináveis. Podia ficar na frente do gabinete e puxar as cortinas pretas para fora e ao redor de mim e manipulando-as de maneira a criar a ilusão de formas de espírito ondulando; variando em largura de uma mera polegada a muitas polegadas; atingindo de dois pés a seis pés de altura... e então amarrotando de volta a quatro pés, três, dois, um... e atravessando o chão. Um som espantoso adicionou à forma, a ilusão de derreter nas tábuas do assoalho..."



"Nós às vezes permitimos fotografias infravermelhas para provar a realidade dos fenômenos de materialização. Estas eram batidas só quando os espíritos davam o sinal garantindo que só o que nós quiséssemos fosse capturado na película... Com outros médiuns de preto furtivamente entrando no lugar podíamos e às vezes produzíamos uma delegação de espíritos materializados... Os cabides cobertos em ectoplasma também faziam um espírito transitável, tipo semi-materializado. Para retratar uma criança eu me ajoelhei na escuridão. Às vezes os clientes eram convidados a aproximar-se do espírito para perscrutar diretamente em seu rosto. Eu tinha uma variedade de máscaras de rosto de homens, mulheres e crianças para todas tais ocasiões..."



"Meu sócio e eu, e outros confederados, caso necessitássemos, usávamos da cabeça aos pés trajes pretos que deixavam-nos totalmente invisíveis na escuridão. Podíamos assim manipular a trombeta sem gerar desconfiança, mesmo sob uma boa luz vermelha e com as faixas luminescentes (na trombeta) exalando um brilho considerável. As trombetas... foram feitas em partições e eram expansíveis a um comprimento total de aproximadamente quatro pés. Assim podiam ser balançadas ao redor com velocidade considerável. O cliente, pensando que essa trombeta era somente um pé longo e vendo sibilando ao redor próximo ao teto, assumia que tinha chegado aí desafiando a gravidade.” (A Máfia Psíquica, pág. 95-100).

Na próxima postagem irei disponibilizar um vídeo onde você assistirá o próprio Lamar Keene demonstrando tudo o que foi dito acima.

Continua...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Máfia Psíquica - Parte 2


De todas as impressionantes revelações do livro "A Máfia Psíquica" de Lamar Keene, sem dúvida as mais constrangedoras estão no capítulo 5 sob o título: "Segredos da Sessão Espírita".

É neste capítulo que ele escancara metodicamente as diversas estratégias fraudulentas usadas pelos médiuns para lubridiar seus clientes.

Muitos ficavam admirados com a clarividência demonstrada por Keene em suas sessões. Para muitos a revelação de vários detalhes sobre os mortos que consultavam era uma prova irrefutável da comunicação com estes espíritos desencarnados.

Porém, ele mesmo explicou que tudo era conseguido através de um minucioso trabalho de pesquisa avançada:


"Para receber informação sobre os acompanhantes, tínhamos uma variedade de métodos, todos divergentes. Eu já mencionei que furtando bolsas e carteiras e remexendo bolsos no lugar escurecido da sessão para desencavar tais dados como números de seguro social ou cadernetas bancárias. Nós também fizemos uma regra que qualquer um desejando estar numa sessão privada do grupo teria que assistir a três serviços públicos da igreja (na igreja espiritualista de Keene) de antemão. Isso significava que eles poderiam ser observados e nós poderíamos reunir informação sobre eles das mensagens que eles escreviam. Cada mensagem foi selada no topo: 'Por favor, enderece sua mensagem a um ou mais amados em espírito, dando o primeiro e o último nomes, fazendo uma ou mais perguntas e assinando seu nome completo'. Uma mensagem assim dava-nos o suficiente para surgir com um arquivo sobre qualquer pessoa..." (A Máfia Psíquica, pág.91).

Como verdadeiros detetives, Keene e seus médiuns utilizavam também recursos de alta tecnologia para conseguir todas as informações de que necessitavam:


"Também, tive um coletor eletrônico de som - um artifício para colher sons numa distância considerável - posicionado numa casa que nós possuímos atravessando a rua da igreja. Armando isto na igreja antes de um serviço, nós colhíamos dados deliciosos de conversa que mais tarde foram tecidos em mensagens assustadoras". (A Máfia Psíquica, pág.92).

As pessoas que procuravam seus serviços "espirituais" já o faziam pré-dispostas a acreditar que tudo aquilo era a mais absoluta verdade, por este motivo eram tão ingênuas fornecendo sem qualquer desconfiança tantas informações preciosas.


Toda pessoa que pretenda procurar um médium deve conhecer a primeira e principal regra para testar sua legitimidade: Forneça o menor número de informações quanto possível, mas de preferência não forneça informação nenhuma.

Agora, bom mesmo é fornecer ao médium informações falsas, pois assim, se o mundo dos espíritos for realmente verdadeiro, ele deverá ser avisado pelo além do engodo e poderá até receber uma mensagem de repreensão àquele que procura enganá-lo.

Continua...

domingo, 26 de outubro de 2008

A Máfia Psíquica - Parte 1


Como vimos nas postagens anteriores os supostos fenômenos espiritualistas e pretensões de poderes paranormais sempre foram acompanhados de perto por céticos que não pouparam esforços para denunciar suas fraudes e artimanhas.

Os espiritualistas tentam se defender alegando perseguição religiosa e os paranormais, preconceito com aquilo que as pessoas não conseguem explicar. Porém, quando alguém do próprio meio deles resolve "colocar a boca no trombone", "a casa cai"!

Foi exatamente isto que aconteceu quando M.Lamar Keene, um médium altamente bem sucedido que trabalhava no Acampamento Chesterfield (retiro espiritualista localizado no estado de Indiana nos Estados Unidos), resolveu contar toda a verdade.


M.Lamar Keene, nascido em 1938, obteve tanto sucesso como um médium espiritualista que chegou a ter dezenas de outros médiuns trabalhando em seu "negócio" e foi reconhecido como o "Príncipe dos Espiritualistas".

Nem é necessário dizer que conseguiu muito dinheiro com sua atividade, pois não eram poucos seus admiradores que voluntariamente patrocinavam seu "ministério espírita".


Porém, devido a uma crise de consciência, ele decide abandonar a mediunidade e contar toda a verdade ao pesquisador psíquico Allen Spraggett. Foi assim que surgiu sua bombástica autobiografia intitulada "A Máfia Psíquica".

Sua crise de consciência não aconteceu porque ele estava utilizando seus "dons" para fins de lucro financeiro, mas porque ele sabia que todas suas capacidades mediúnicas eram resultado de encenação fraudulenta, truques de ilusionismo e "vigaritisse" no nível mais elevado.


Em seu livro "A Máfia Psíquica", Keene detalha todas suas trapaças, expondo em detalhes como conseguia através de vários truques relativamente simples, enganar tantas pessoas.

Ele explica:

"Fosse minha trombeta flutuante inexplicável, por que os comunicadores de espírito falaram com as suas famílias e amigos ainda aqui na terra; minhas formas resplandecentes de espírito, que só não falaram aos vivos, mas os tocaram, mesmo abraçando-os; minha clarividência perturbadoramente exata, que provou que o espírito acompanhava o cotidiano da existência de seus entes queridos, cientes das coisas mais triviais em suas vidas - foram estes fenômenos psíquicos misteriosos que mantiveram as pessoas vindo e, bem importante, o dinheiro fluindo." (A Máfia Psíquica, pág. 90, Edição de brochura de Dell, 1977).

Prepare-se, pois o que virá na sequência será ainda mais chocante.

Continua...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Diga-me em que acreditas, que eu lhe direi aquilo que verá

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Seria isto uma evidência fotográfica e em cores do Ectoplasma?


Hã?
Algodão doce??
Mas que falta de fé!!!


O vídeo a seguir é uma demonstração de como as crenças de uma pessoa moldam a sua visão de mundo e a cegam impedindo ver por outras perspectivas:



Dizem que o maior cego é aquele que não quer ver, mas o que dizer daquele que só vê aquilo que quer?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Céticos x Crédulos: A História dos Desafios

por Cleiton Heredia


Já em 1922 se tinha conhecimento de dois prêmios, no valor de US$ 2.500,00 cada (naquela época era uma quantia significativa), sendo oferecidos pela revista Scientific American para o primeiro médium que apresentasse uma autêntica manifestação psíquica visível, e também para a primeira pessoa que pudesse apresentar uma legítima fotografia psíquica (produzir imagens numa película fotográfica com a força do pensamento).

Entre os membros da Comissão de Investigação designados pela revista estava o grande ilusionista Houdini, e não foram poucos os que tentaram burlar a percepção aguçada daquela comissão.

1- Elizabeth Allen Thomson

Elizabeth Allen Thomson foi a primeira pessoa a se dispor ser investigada pela comissão, mas como foi pega em flagrante com 180 metros de gaze presa com fita à virilha, com flores sob os seios e com uma cobra na axila, nunca foi formalmente testada (parece piada).

2- George Valiantine

Na verdade o primeiro médium a ser de fato testado pela comissão da Scientific American foi George Valiantine. O médium espertinho não sabia que a cadeira onde estava sentado tinha sido ligada a um dispositivo que fazia uma luz acender em uma outra sala, toda vez que ele levantasse da cadeira. Foi desta forma que descobriram que os supostos fenômenos sobrenaturais (voz vinda de um trompete que flutuava pela sala) só ocorriam quando a luz acendia.

3- Josie K. Stewart

Uma outra médium conhecida como Reverenda Josie K. Stewart que dizia produzir mensagens manuscritas de pessoas mortas trazidas até ela através de seu guia espiritual Effie, também “quebrou a cara” perante a comissão. As cartas foram marcadas pela comissão e ela falhou por três vezes. Na quarta vez obteve “sucesso”, mas como as mensagens que produziu não estavam nas cartas que haviam sido fornecidas pela comissão, ficou bem caracterizada a trapaça.

4- Nino Pecoraro

As pretensões de poderes sobrenaturais alegadas por Nino Pecoraro, que dizia ter como guia o espírito de Eusapia Palladino, terminaram quando Houdini pegou a corda de 20 metros e a cortou em vários pedaços menores. O grande mestre das fugas Houdini sabia que era fácil conseguir uma folga qualquer ao ser amarrado com uma corda comprida. Nino foi amarrado com cordas menores e, caso não tivesse sido desamarrado pela comissão, estaria até hoje tentando escapar.

5- Mina "Margery" Crandon

O caso mais controvertido e polêmico aconteceu com o quinto candidato ao prêmio, Mina Crandon, mais conhecida entre os espiritualistas como “Margery”. Existem várias versões desta história que, quando contada por aqueles que acreditam na paranormalidade ou nos espíritos, possui detalhes impressionantes, mas que não aparecem quando contada pelos céticos.


Margery era tida como uma médium cujas sessões ficaram famosas pela farta produção de ectoplasma (substância que sai dos espíritos/fantasmas que lhes possibilita materializarem-se e praticar atos). Embora Houdini afirmasse com convicção que tudo não passava de fraude, nada se tem registrado sobre como ela era praticada, nem muito menos que a médium tenha sido pega em flagrante fraudando (este truque deveria ser bom mesmo).

"Dizem" que Houdini chegou assinar um contrato com a revista se comprometendo a reproduzir os mesmos efeitos, porém nunca chegou a cumpri-lo devido a uma estranha viagem (pré-anunciada por uma outra médium) que teve de fazer de última hora. O fato é que a comissão acabou se dividindo em suas opiniões e dissolvendo-se por discussões internas, de forma que o prêmio acabou não sendo pago.


Não precisa nem dizer que os paranormais e espiritualistas têm o caso “Margery” como um marco na história dos fenômenos sobrenaturais não explicados (isto para eles é considerado como uma prova de que estão com a verdade). Por outro lado os céticos ficam irritados por não poderem claramente comprovar que houve fraude, assim como nos casos anteriores. O mistério persiste impossibilitando um diagnóstico conclusivo de ambas as partes (isto é, quando as partes estão dispostas a serem honestas e admitirem suas limitações).


Por outro lado, os espiritualistas e, especialmente, os paranormais acusam os céticos como James Randi de criar desafios com critérios impossíveis já com a intenção pré-disposta de que todo e qualquer caso seja refutado. Li seus critérios e não achei nada tão absurdo. Na verdade suas regras não vão muito além daquilo que qualquer cientista razoável exigiria:


“Se você for um entortador mental de colheres, não poderá usar seus próprios talheres. Se pretender enxergar auras, terá que fazê-lo sob condições controladas. Se for realizar a visão remota, não terá crédito por se aproximar do acerto de forma vaga. Se for demonstrar seus poderes de radiestesia, prepare-se para ser testado sob condições controladas. Se for fazer cirurgias psíquicas ou apresentar estigmas, terá de fazê-lo com câmeras observando cada movimento”.

Outro contra-ataque dos espiritualistas e paranormais é dizer que da mesma forma que existem os desafios dos céticos, também existem os desafios daqueles que alegam possuir os legítimos poderes paranormais ou espirituais no sentido de conceder prêmios em dinheiro para quem conseguir provar qualquer tipo de fraude.


Recentemente, Victor Zammit, um defensor entusiasta do espiritismo e do médium físico David Thompson lançou um desafio oferecendo US$ 500.000,00 para quem conseguir provar que os fenômenos produzidos nas sessões deste médium são resultados de fraude. O problema é que o desafio não para aí. Caso nada se consiga provar, a outra parte é que deverá obrigatoriamente doar a mesma quantia para a causa do médium. Com esta contra partida intimidatória, acredito que dificilmente aparecerá algum corajoso para encarar este desafio.

Além disto, o mesmo Dr.Zammit também elaborou um outro desafio oferecendo US$ 1.000.000,00 para quem conseguir provar a falsidade das evidências da vida após a morte conforme relatadas em seu livro “Um Advogado Apresenta o Caso do Após-Vida” (http://www.victorzammit.com/skeptics/challenge.html). Um desafio tão conveniente quanto o exemplo do sujeito que inventa uma teoria que existe uma lata de Coca-Cola flutuando na constelação de Andrômeda e então pede para provarem que ele está errado. Isto é uma inversão da lógica! Quem elaborou a teoria é que tem que prová-la (se qualquer absurdo inventado e impossível de ser verificado cientificamente tivesse de ser aceito como verdade, então vamos acreditar em fadas e gnomos porque até hoje ninguém conseguiu provar que eles não existem).


Interessante é perceber que nenhum dos lados está disposto a se submeter às condições pré-impostas pelo outro lado. Os céticos se recusam aceitar estes desafios dos crédulos alegando que as condições impostas para verificação são inadequadas, mas por sua vez os crédulos se recusam aceitar os desafios dos céticos alegando que as condições impostas são unilaterais, tendenciosas e abusivas.

Mas as histórias destes tipos de desafios são assim mesmo. Cada um tem as suas devidas razões para não ousar entrar no terreno encantado ou controlado pelo outro.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Procura-se um verdadeiro Paranormal ou Médium

por Cleiton Heredia


Qualquer paranormal que pretenda alegar a legitimidade de seus poderes sobrenaturais ou espiritualista que queira comprovar a realidade do mundo dos espíritos, precisa saber que pode ficar muito rico em pouquíssimo tempo.

Basta se dispor a enfrentar os mais de dez desafios existentes ao redor do mundo feito por pessoas que pagam para ver se tudo isto é realmente verdade.

Os desafios são:

1) Nos Estados Unidos, James Randi, fundador da JREF oferece US$ 1.000.000,00 (http://www.randi.org/joom/challenge-info.html).

2) Na Índia, B.Premanand, da Indian Sckeptics, oferece cem mil rúpias, que são aproximadamente US$ 2.440,00 (http://www.indian-skeptic.org/html/rules.htm).

3) Ainda na Índia, Prabir Ghosh, da Science and Rationalist Association of India, oferece dois milhões de rúpias, que são cerca de US$ 48.800,00 (http://humanists.net/avijit/prabir/sra.htm).

4) Os Céticos Australianos (Australian Skeptics) oferecem cem mil dólares australianos, sendo oitenta mil para o paranormal e vinte mil para qualquer um que indique uma pessoa que tenha sucesso nos testes (se você indicar a si mesmo e for bem sucedido, ganha os cem mil sozinho). Convertendo para dólares americanos isto dá cerca de US$ 82.000,00 (http://www.skeptics.com.au/notfound.htm).

5) No Reino Unido a Associação para a Investigação Cética (ASKE) oferece doze mil libras, que são cerca de US$ 6.000,00 (http://www.aske.org.uk/challenge/).

6) Nos Estados Unidos o Grupo de investigações Independentes (IIG) oferece US$ 50.000,00 (http://www.iigwest.com/challenge.html).

7) Ainda nos Estados Unidos, os Céticos do Norte do Texas oferecem US$ 12.000,00 (http://www.ntskeptics.org/challenge/challenge.htm).

8) No Canadá, os Céticos de Quebec oferecem US$ 10.000,00 (http://www.sceptiques.qc.ca/activites/defi).

9) De volta aos Estados Unidos, os Céticos da Baia de Tampa (TBS) oferecem US$ 1.000,00 (http://www.tampabayskeptics.org/challenges.html).

10) Na Nova Zelândia, um grupo chamado "Immortality" (Imortalidade) oferece dois milhões de dólares neozelandeses, porém o paranormal deverá doar metade do valor para uma instituição de caridade à sua escolha (http://www.immortality.co.nz/). Em dólares americanos o prêmio é de aproximadamente US$ 1.400.000,00.

11) E concluindo, o mágico Criss Angel oferece US$ 1.000.000,00 do próprio bolso (http://www.crissangel.com/). Bem, na verdade o desafio foi feito para Jim Callahan e Uri Geller, mas tenho certeza se alguém souber o que oculta aqueles dois envelopes, certamente embolsará o prêmio.

Temos aqui um total de aproximadamente US$ 3.612.240,00.

Com certeza devem existir outros muitos desafios feitos pelas milhares de Sociedades Céticas espalhadas pelo mundo todo, mas acredito que apenas os relacionados acima já são suficientes para nos mostrar que, caso a paranormalidade ou a comunicação com o mundo dos espíritos fosse verdade, já teríamos o reconhecimento formal e científico daqueles que se propõe a pagar para ver.

E não me venham com aquela história de que alguém com poderes sobrenaturais ou um médium não pode usar seus dons visando lucro financeiro, porque tal pessoa pode muito bem ganhar todos estes prêmios e os doar para a caridade, aliviando assim a dor e o sofrimento de muita gente.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Todo mágico deveria ser um cético!


Ontem a noite estava tendo uma animada conversa com alguns amigos da AMSP (Associação de Mágicos de São Paulo) quando, devido a um comentário rápido que fiz sobre o episódio envolvendo o mágico Criss Angel e médium Jim Callahan (ver postagem anterior), a conversa acabou descambando para o espiritismo.

Quando um amigo iniciou uma certa apologia das manifestações espirituais com base em sua experiência de vida, imediatamente percebi o desconforto que aquela discussão começou causar para alguns mágicos ali presentes.

Um deles mudou de lugar, sentou-se ao meu lado, e eu então lhe dirigi uma pergunta: "Você é um cético?"


Sua resposta não me surpreendeu, porém a ênfase como foi respondida sim. Ele acenando afirmativamente com a cabeça, respondeu: "Isto é óbvio!" E depois emendou: "Todo mágico deveria ser, pois ele sabe como tudo isto é feito!"

Realmente, o estudo de Artes Mágicas é uma ferramenta metodológica importante na pesquisa científica dos fenômenos tidos como espirituais ou sobrenaturais, pois através deste conhecimento entendemos como tais fenômenos podem ser obtidos por métodos naturais.

Para todos os casos em que existe uma explicação racional, a causa espiritual ou sobrenatural pode ser descartada com absoluta segurança. Desta forma o mágico pode exercer seu ceticismo em relação a estes fenômenos, convicto de que até hoje ninguém foi capaz de comprová-los autênticos e incontestáveis dentro de um ambiente controlado.


E caso exista alguém neste planeta que discorde disto, o desafio de James Randi continua em pé até o dia 6 de março de 2010: "Um milhão de dólares para qualquer um que possa demonstrar, sob condições de observação adequadas, evidências de qualquer poder paranormal, sobrenatural ou oculto".

Já pensou quanta caridade os espíritas poderiam fazer com esta quantia? Mas que estranho! O desafio existe há cerca de dez anos e até hoje ninguém conseguiu provar nada.

O psicólogo, pós-graduado em Psicanálise, mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP, Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP e Mágico Ilusionista especializado em mentalismo, Wellington Zangari, falando sobre a mágica e o pensamento crítico, argumentou:


"Aprender mágica exige que compreendamos que por trás do que desconhecemos ou do que aparentemente é misterioso, como um número de mágica, existe uma interpretação racional. Podemos nos resignar com a aparência e estaremos nos afastando da verdade. Podemos oferecer uma interpretação mágica, supersticiosa, religiosa para um efeito natural e, novamente, estaremos nos afastando da verdade. Essa postura deve ser a mesma que temos em relação a qualquer fato cuja natureza nos seja desconhecida. Ter uma atitude crítica é não aceitar nem a resignação, nem a explicação fácil e sem demonstração. Aprendendo Arte Mágica somos instrumentalizados a desconfiar com 'conhecimento de causa': sei que esse fulano está dizendo que é paranormal, mas conheço várias formas de fazer o que ele faz por meio de técnicas da Arte Mágica. Obviamente, essa desconfiança não pode ser exagerada e se tornar impedimento de observar algo novo, ou seja, não podemos transformar essa desconfiança em negação apriorística. Pensar criticamente é não engolir qualquer alegação como se fosse verdadeira, é uma defesa contra a 'paranormofilia'. Cunhei esse termo, horrível mas útil, para me referir à tendência de certas pessoas a interpretarem tudo como algo 'paranormal'".

Sua postura é muito equilibrada, não acham?

Para quem acha que todo cético é um descrente ateu que vive fazendo galhofa da crença dos outros, aconselho a leitura da postagem Metafísica, Ateísmo e Ceticismo de Frank Viana Carvalho.

domingo, 19 de outubro de 2008

Ilusionismo versus Espiritualismo - Uma briga ao vivo


Recentemente abordei em uma série de 12 postagens o tema do espiritualismo versus o ilusionismo, porém, mesmo correndo o risco de me tornar repetitivo, quero retomar o assunto em face de novas descobertas.

Pela pesquisa que havia feito da história, nada amigável, da relação entre os mágicos ilusionistas e os médiuns/paranormais espiritualistas, não tinha qualquer dúvida dos profundos ressentimentos históricos existentes entre estes dois grupos.

Porém, para minha surpresa não pensei que haveria de descobrir um acontecimento tão recente que evidenciasse de forma tão clara a insistente charlatanice dos espiritualistas, bem como a coragem dos mágicos ilusionistas em continuar denunciando esta corja de mentirosos e aproveitadores.


Caso você seja um espírita ou se simpatize com a filosofia e esteja se sentindo ofendido, só posso lhe dizer que nada tenho contra a filosofia espiritualista, mas até a respeito como qualquer outra filosofia religiosa, porém minha "bronca" é contra estes "espertinhos" que insistem em utilizar técnicas mágicas de ilusionismo na tentativa de provar que são pessoas especiais e que existem provas para suas crenças, em especial para a crença na possibilidade de comunicação com os supostos espíritos desencarnados.

Mais de mil médiuns já tentaram embolsar a tentadora quantia de um milhão de dólares oferecida pela "James Randi Educational Foundation" para o médium ou paranormal que demonstre possuir poderes verdadeiramente sobrenaturais em um ambiente controlado. Mas a verdade é que todos estes que tentaram não conseguiram sequer passar nos testes preliminares. É contra este bando de charlatões que me revolto.

Caso tenha um tempinho sobrando assista a este vídeo onde James Randi detona o falso paranormal Uri Geller, o evangelista pilantra Peter Popoff, e aqueles malucos caras-de-pau que afirmam realizar cirurgias sem bisturi com a ajuda dos espíritos:


Bem, mas não são a estes casos a que quero referir-me nesta postagem. Quero sim contar-lhes a recente história ocorrida num Show de TV chamado "Phenomenon" nos Estados Unidos.

Este programa foi idealizado com o objetivo de fazer uma competição entre mentalistas (mágicos que simulam paranormalidade ou mediunidade através de técnicas ilusionistas), onde o vencedor seria reconhecido como o fenômeno do mentalismo e ganharia o prêmio de US$250.000,00 (nada mal, hem?).


Tim Vincent (apresentador do programa) convidou a dois ilusionistas famosos para atuarem como juizes: Criss Angel (Mindfreak) e Uri Geller. O primeiro é um ilusionista sério (ou seja, honesto - realiza coisas incríveis e impossíveis, mas sem precisar alegar possuir poderes oriundos do além). Já o segundo é uma piada, pois foi desmascarado como paranormal, mas mesmo assim continuou na maior cara-de-pau atuando no meio mágico.

O primeiro programa foi ao ar ao vivo no dia 24 de outubro de 2007, mas a coisa pegou fogo prá valer no segundo programa, realizado ao vivo na noite de Halloween de 2007, onde o auto-proclamado paranormal espiritualista Jim Callaham fez o seu "show".


Um parêntese: não sei o que Jim Callaham estava fazendo naquele programa destinado a uma competição entre mágicos ilusionistas especializados em técnicas de mentalismo (bem, na verdade eu sei - ele estava atrás do prêmio, é claro!). Jim Callaham não se apresenta como um mágico, mas sim como um "autêntico" médium paranormal que afirma ser possuído pelo espírito de um escritor falecido (os produtores aceitaram a participação de Jim Callaham devido ao fato de um espírita sendo possuído ao vivo por um espírito, dar muito mais ibope que um ilusionista - fazer o que?). Fim do parêntese.

O desafio de Jim Callaham seria descobrir qual era o objeto, escolhido de um conjunto de cem, que estaria oculto dentro de caixa lacrada. Começa o programa e agora vou deixar você curtindo a encenação ridícula e patética de Jim Callaham:


Você percebeu a diferença entre um mágico de verdade e um ex-paranormal? Uri Geller escolheu sair pela tangente dando uma resposta dúbia. Por outro lado, Criss Angel, que já havia declarado antes do programa ir ao ar, que não iria tolerar charlatões denegrindo a arte, "chutou o pau da barraca" e falou que aquela apresentação foi cômica.


Como se não bastasse a humilhação pública a que Jim Callaham submeteu o suposto espírito do escritor que o possuiu, pois o mesmo conseguiu a façanha de cometer um erro ortográfico em apenas três palavras simples (é "wheels" e não "weels"), ele mesmo foi humilhado em rede nacional (NBC), pois não teve como responder ao desafio de Criss Angel que lhe ofereceu um milhão de dólares para dizer o que trazia em dois pequenos envelopes.

Ouvi alguns depoimentos posteriores de Jim Callaham e ele de maneira muito astuta relacionou o ataque que Criss Angel fez às suas pretensões de médium paranormal, com os ataques que os céticos frequentemente dirigem às crenças espiritualistas. Desta forma se coloca convenientemente na posição de vítima ganhando a simpatia de muitos.

Porém, para aqueles que procuram sempre pela verdade, tudo ficou mais uma vez bem evidente.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Mensagens Subliminares ou Pareidolia?

por Cleiton Heredia


Mensagem Subliminar todo mundo sabe o que é, mas “pareidolia”...

Calma! Não se trata de algum tipo de crise de flatulência ou qualquer outro tipo de desarranjo intestinal.

Este termo “descreve um fenômeno psicológico que envolve um vago e aleatório estímulo (em geral uma imagem ou som) sendo percebido como algo distinto e significativo” (conf. Wikipédia).


Sabe aquela brincadeira de ficar olhando para as nuvens procurando identificar suas formas? Pois é, em uma mesma nuvem uma pessoa pode ver um inocente gatinho dormindo, enquanto que a outra um assustador dragão cuspindo fogo pelas ventas. Isto é um exemplo clássico de Pareidolia Visual.

Na verdade nem a imagem do gatinho nem a do dragão estão desenhadas nas nuvens, mas sim dentro da cabeça das pessoas que a vêem (por este motivo que um mesmo estímulo visual pode gerar diferentes interpretações).

O fenômeno da pareidolia pode ser considerado um ótimo teste para se descobrir o que vai dentro da cabeça das pessoas. Uma pessoa que goste de gatinhos, provavelmente irá vê-los nas nuvens, enquanto uma outra viciada no jogo RPG “Dungeons and Dragons” (Calabouços e Dragões) verá as mesmas imagens com as quais diariamente alimenta sua mente (os psicólogos possuem alguns testes baseados na interpretação de manchas disformes para conseguir avaliar a personalidade de seus pacientes).

Já li e ouvi muita coisa sobre mensagem subliminar, e mesmo reconhecendo a realidade de vários casos onde ela pode ser claramente identificada como uma técnica inserida propositalmente, precisamos reconhecer que um grande número dos casos identificados como suspeitos não passam de pareidolia visual ou auditiva (os fanáticos religiosos são craques neste tipo de coisa).

Alguns exemplos clássicos:

Seria a cara de um bode (símbolo do diabo no satanismo) a imagem estampada no rótulo do shampoo?


Será que o artista “sacaneou” de propósito?


Se não fosse lhe mostrado, você conseguiria ver a mulher sentada com as pernas abertas?


Este não tem como negar qual foi a real intenção do artista!


Agora, haja criatividade “falo-brauliológica” para enxergar um pênis flácido nesta moeda!


E quanto ao famoso pênis (nada flácido) no castelo da Pequena Sereia (Disney)? Você conseguiu enxergá-lo?


Mas entre os fatos concretos de mensagens subliminares e os casos frutos da imaginação de quem vê ou ouve, assista ao vídeo a seguir para você ter uma noção da amplitude do tema:


Já neste outro vídeo, bem mais tendencioso, podemos verificar claramente alguns casos de pareidolia auditiva:


Falando em pareidolia auditiva, recentemente nos Estados Unidos, a boneca “Little Mommy Real Loving Baby Cuddle and Coo” (Fisher-Price) foi acusada de exaltar o islamismo ao mesmo tempo em que enaltece o diabo. O problema todo reside na forma como alguns “querem” entender o balbuciar infantil da boneca falante.

Os fabricantes alegam que a única palavra que a boneca fala é “mommy” (mama) e todos os outros sons aleatórios e incompreensíveis não querem dizer absolutamente nada. Assista ao vídeo seguinte e ouça a boneca em funcionamento (as frases são: "Islam is the light" e "Satan is king"):


Brincadeiras à parte, este caso da boneca nos ensina como o preconceito e as crenças das pessoas acabam determinando a vontade de acreditar exatamente naquilo que se quer. No caso dos americanos de extrema direita (tão fundamentalistas quanto aqueles a quem acusam), a relação entre as duas frases pode até parecer um tanto quanto lógica, porém qualquer pessoa esclarecida entenderá que tanto no islamismo como no cristianismo o diabo é sempre o personagem que representa o mal.

O fato é que tanto as crenças religiosas como os preconceitos de uma pessoa sempre irão determinar a sua forma de interpretar o mundo ao seu redor. Os acontecimentos simplesmente se sucedem, assim como as nuvens simplesmente vão mudando pela ação do vento, porém, sempre acabarão adquirindo o formato e significado que a mente lhe quiser conceber (ninguém está isento disto).

Portanto, sabendo que os dragões não estão nas nuvens, mas dentro de nossas cabeças, seria muito prudente de nossa parte evitar a todo custo o dogmatismo e procurar diligentemente enxergar todas as possibilidades de interpretação, antes de estabelecer conceitos e fazer julgamentos.

E assim chegamos na postagem de número 100.